Alcance Consultoria e Planejamento
Rural
Produção
a pasto
A
produção bovina a pasto, sistema mais comum no Brasil, é caracterizado por um
sistema extensivo com grandes áreas de pasto de baixo nível tecnológico e quase
nenhum investimento. Devido ao elevado preço pago pela arroba produzida e um
custo de produção baixo, esse sistema era viável nas décadas de 70 e 80, porém
desde a década de 90, esse quadro vem mudando, com o valor pago pela arroba
cada vez menor e aumento nos custos de produção tornando esse sistema, a cada
dia, mais inviável economicamente, sendo a saída para contornar essa situação a
intensificação da produção.
Quando
o produtor escuta a palavra intensificação, é comum imaginarem a adoção
tecnologias como troca de capim existente por um mais moderno, adubação pesada
(grande quantidade por área), irrigação etc. Porém em sistemas extensivos a
simples redivisão das pastagens proporciona impactos relevantes no sistema,
podendo triplicar a produção por hectare apenas utilizando “cerca”.
Nesses
anos de trabalho com consultoria, um fato é sempre comum, quando analisamos os
dados climáticos do local onde se situa a fazenda e o solo, através da analise
de solo, descobrimos que a lotação registradas ao longo dos anos é sempre muito
abaixo do real potencial da fazenda. Entre alguns fatores que refletem nesse
numero baixo, o manejo de pastagem é o ponto chave, devido a problemas como
baixa eficiência de pastejo, que resumidamente é a capacidade do animal pastejar
a forragem disponível, o superpastejo, geralmente encontrado próximo às
aguadas, refletindo em baixa capacidade de rebrota devido a perda de vigor da
planta que sofre intenso pastejo se tornando incapaz de acumular reservas para
o rebrote e o subpastejo refletindo em material de baixo valor nutricional e
digestibilidade, são as três principais causas de baixos índices produtivos a
pasto.
O gráfico abaixo mostra a
eficiência de pastejo de acordo com o tipo de sistema de pastejo:
Fonte:
ALCANCE Consultoria e Planejamento Rural
Em
um exemplo real demonstrado no gráfico abaixo, foram calculados a capacidade de
suporte do pasto, a partir de cada nutriente presente no solo de uma
propriedade em Glaucilândia – MG, a analise realizada em 2012 mostra que
aumentando a eficiência de pastejo, é possível mais que dobrar a produção sem
gastar com adubo, somente aproveitando o que já existe no solo.
Fonte: ALCANCE Consultoria e Planejamento Rural
Tipos de sistemas de pastejo
Existem
varias denominações de sistemas de pastejo, o sistema com lotação continua,
alternado e rotacionado. Cada situação pode determinar qual a melhor escolha,
entretanto, comumente, o pastejo rotacionado vem demonstrando melhores
resultados produção por área.
O sistema com lotação continua é quando os
animais permanecem no mesmo pasto ao longo do não, podendo ser de taxa de
lotação variável ou não.
O sistema alternado é quando os animais trocam de pasto
ou área de pastejo, porem em intervalos de tempo maiores, sem seguir um ciclo,
já o sistema de lotação rotacionada, é formado por um modulo que por sua vez e
composto por vários piquetes, que ira depender das condições edafoclimáticas da
região, categoria animal, forrageira existente e objetivo do produtor, os
animais pastoreiam cada piquete por um curto espaço de tempo, respeitando a
altura de entrada e saída recomendada para cada forrageira, e assim formando um
ciclo de pastejo.
Implantando um Sistema de Lotação
Rotacionada
Para implantar um modulo rotacionado
devemos ter no sistema piquetes de tamanhos iguais ou bem próximos, contendo a
mesma forrageira de preferência, e uma ou mais áreas de lazer com saleiro,
bebedouro e sombra. Algumas recomendações devem ser seguidas:
Cocho de sal
O
tamanho de do cocho de sal irá depender da lotação esperada, e do tipo de
suplemento fornecido.
Tipo de Suplemento
cm/UA ACESSO UM LADO
cm/UA ACESSO DOIS LADOS
Sal Mineral
6
3
Sal M + Uréia
6
3
Sal Nitrogenado
12
6
Sal Proteinado
12
6
Concentrado
60-70
30-35
Água:
O acesso à água é
importante e deve ser de 6 cm
por UA, para gado de corte. O ideal é que as aguadas sejam todas artificiais.
Adotando essas medidas são vários os benefícios, tais como: Status sanitário; proteção dos mananciais de água, pois os bovinos são os
maiores predadores das aguadas naturais;
- aumento no consumo de água;
- aumento
do consumo de forragem;
- aumento no ganho
de peso, animais que bebem água em bebedouros artificiais ganham 100 a 270
gramas por dia a mais em toda a vida;
- aumento na taxa de prenhes, vacas em fase
inicial e final de gestação têm riscos muito alto de abortar se sofrerem
restrição de água; diminui problemas de erosão e trilheiros;
- diminui problemas
com assoreamento das nascentes;
- diminui a degradação da pastagem quando a
aguada esta bem localizada (para zebuíno, numa distancia máxima de 500 metros
de raio do bebedor).
Estudos
recentes têm mostrado que o maior foco de contaminação para o animal é a água,
principalmente para verminose, coccidiose e clostridioses, nesta ultima com
ênfase o botulismo.
Sombra
Devem ser
disponibilizados 3 a 6,0 m2/UA . Têm sido publicados alguns
resultados de pesquisas que evidenciam a importância do sombreamento mesmo para
as fases de recria e engorda, e mesmo para zebuínos, aumentando o ganho de peso
em mais de 40% em alguns casos.
Abaixo uma
sugestão de espécies que pode começar a plantar ao redor das áreas de lazer
para ter sombra no futuro nestas áreas:
1- Oiti
2- Ficus
3- Eucalyptus
4- Neen
Indiano (esta arvore é recomendada por ser repelente de insetos)
5- Jambolão
6- Acácia
Mangium
7- Leocena
8- Calabúria
A figura abaixo apresenta um modelo
de divisões em módulo rotacionado, que possui 10 piquetes de tamanhos iguais,
corredor de acesso a todos os piquetes à área de lazer que possui cocho,
bebedouro e sombra para os animais.
Fonte: ALCANCE Consultoria e Planejamento Rural
Exemplo de uma área de
lazer, contendo água e cocho de sal, detalhe pela falta de sombra.
Fonte: ALCANCE Consultoria e Planejamento Rural
Considerações Finais
A divisão de pastagem é uma solução para aumento
da produção animal por hectare, porém antes de construir as cercas é preciso
planejar e encontra o melhor sistema, de acordo com o objetivo do produtor. A
experiência e o conhecimento técnico de um profissional capacitado na hora de
dimensionar um sistema é ponto chave para o sucesso.
Tipo de Suplemento
|
cm/UA ACESSO UM LADO
|
cm/UA ACESSO DOIS LADOS
|
Sal Mineral
|
6
|
3
|
Sal M + Uréia
|
6
|
3
|
Sal Nitrogenado
|
12
|
6
|
Sal Proteinado
|
12
|
6
|
Concentrado
|
60-70
|
30-35
|
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