domingo, novembro 06, 2011

Água da Chuva irriga pasto no Norte de Minas


Criador de Gir Leiteiro de Minas Gerais usa água da Chuva para irrigar pastagens das vacas leiteiras

Pirapora (MG) - O criador José Patrício e sua família abriram as porteiras da Fazenda Santa Isabel, no Município de Pirapora, Norte de Minas, para a realização de um evento voltado para estratégia de armazenamento de água de chuva para aplicação em irrigação de pastagem. O projeto foi inicialmente idealizado pelo Professor Adilson de Paula Aguiar, da Fazu – Faculdade de Zootecnia de Uberaba.
Foram abordados em sete estações de estudo, estrategicamente distribuídas pela propriedade, desde a coleta de amostra terra para exame, preparação da área, implantação da irrigação e do pasto, manejo da pastagem, viabilidade econômica do sistema, alimentação, a genética do gir leiteiro e seu cruzamento com gado holandês.

Presenças
O evento contou com a participação de 100 pessoas de diversas cidades de Minas, inclusive de outros estados que se emocionaram com o discurso do anfitrião, quando este relatou de como saiu de um rebanho de 40 cabeças de gir há quatro anos, alugando pasto e perdendo gado por ocasião da seca do Norte Minas, para um rebanho de mais de trezentas de cabeças, gir leiteiro e girolando, utilizando somente 9,5 hectares de tiffiton 85 irrigado com água de chuva armazenada e três hectares de cana-de-açúcar.

As palestras foram proferidas pelo professor Luis César Dias Drumond, segundo José Patrício, “atualmente a maior autoridade em irrigação em malha no Brasil”, que assinou o projeto de irrigação, pelos sócios da empresa Alcance Consultoria e Planejamento Rural, responsável pela assistência ao projeto, Gustavo Carneiro do Amaral de Tiago Felipini, pelos técnicos do Feno Visual, pela Central Cenatte Embriões e por Eric Gandhi Silveira, graduando em Zootecnia, filho do José Patrício e responsável pela administração da Fazenda Santa Isabel.

Segundo Onofre Ribeiro, “todas as palestras foram de alto nível,  proferidas em uma linguagem acessível aos criadores. Onofre deixou Pirapora convencido em implantar o sistema na Estância Jasdan, “mas com água de poço artesiano”. Onofre, que é um defensor do leite ecologicamente correto, disse que “o experimento de José Patrício serve de modelo para fazendas produtoras de leite com animais da raça gir e girolando”.
Onofre Ribeiro se impressionou com a qualidade do gado criado exclusivamente a pasto. O criador José Patrício demonstrou a viabilidade do projeto sem adição de substâncias estimuladoras (hormônios) e ração protéica, com vacas gir produzindo na média anual 10,57 litros de leite em regime totalmente a pasto, com adição de uma fonte energética, no caso fubá de milho. Foram citadas várias vacas com pico de lactação neste regime de 22 quilos de leite.
Segundo José Patrício, “é preferível ter uma vaca que converte capim em leite com uma produção média anual de 10 quilos em lactação de 300 dias, do que ter vacas com médias de 20 quilos no mesmo período comendo silagem de milho, ou sorgo, e ração protéica”. O criador deixou claro que desconhece, no Norte de Minas, raça melhor do que a Gir Leiteiro e Girolando para conviver com seca comum na região e produzir leite.
Leilão
Em  2012 José Patrício realizará seu primeiro leilão virtual, “ocasião em quer ofertaremos várias doadoras Gir Leiteiro”.
Almoço
O dia de campo foi finalizado com um excelente almoço, cujo cardápio foi com “iguarias da região”. José Patrício fez questão de preparar pessoalmente a carne serenada.
O projeto
Segundo José Patrício, com a água captada das chuvas nas barragens, ele irriga os piquetes, “que agora no verão, com chuvas mais regular, conseguimos ter 25 Ua (unidade animal) por hectare, no período critico do frio, que aqui vai de final de maio a julho, a lotação cai para 6 a 7 Ua”.
Ele informa que até agora choveu somente 100 mm (milímetros) após a estiagem prolongada de quatro meses, “estamos com 66 reses paridas e 98 novilhas ratacionando no sistema, com folga de capim”.
Este ano, informa Patrício, “a água estocada pelo barramento deu até a terceira semana de setembro. Ficamos uma semana sem irrigar e Deus mandou 100 mm de chuva o suficiente para dois meses de irrigação pelo que se acumulou no barramento”.  Ou seja, a seca não existe mais para a fazenda de José Patricio.
 Após o período das chuvas, que têm média histórica de 880 mm em Pirapora, “o que é armazenado garante nossa vitória sobre a seca”. Patrício diz que durante “as chuvas muita água passa por aqui e não fica, vai embora sem gerar qualquer riqueza”.
Investimento
O investimento para implantar a tecnologia de irrigação com água de chuva gira em torno de R$ 3.000,00 a R$ 5.000,00 por hectare, “muito pouco se se comparar com a transposição do Rio São Francisco”.  Sobre isso, Patricio diz que “acho ótimo levar água para quem não tem, contudo tem formas muito mais inteligentes e baratas para socorrer uma gama enorme de pequenos produtores que se encontram ao longo de córregos secos”.
O  criador de gir de Pirapora faz um alerta: “temo pelo São Francisco após a transposição sem a recuperação da sua bacia hidrográfica.  Para se ter uma idéia do que estou falando, antes do barramento percorria a pé e sem molhar os pés toda a extensão do leito do córrego existente aqui em nossa fazenda, depois do barramento, ao final da seca, não é possível andar pelo leito, pois  fica com água e úmido”.

Segundo José Patricio, no Norte de Minas, “99% dos córregos secam no período seco do ano, mas como Deus é brasileiro, vamos torcer para alguém investido de poder, possa viabilizar esse sistema para milhares de brasileiro para produzirem,, seja leite, seja carne, seja o que for para benefício do povo brasileiro”, finaliza.

http://www.portaldogir.com/site/noticias.php?tla=2&cod=1341.

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