Conhecer o tipo de solo que será plantado é o primeiro passo a ser dado pelo Produtor e Técnico responsável pelo plantio. O produtor deve ser orientado pelo seu consultor sobre o tipo de solo que possui na propriedade onde será feito o plantio para desta forma orientar o preparo do solo e a espécie forrageira a ser implantada. Características tais como profundidade do solo, tipo de relevo, classe de fertilidade, possibilidade de inundação e/ou encharcamento, presença de cascalhos e pedras, etc, são decisivas para a tomada de decisão na escolha da forrageira, como plantar e depois da pastagem formada, como maneja-la num determinado tipo de solo.
1- Métodos de Preparo e Plantio
Em Plantio do tipo Convencional:
Terá que fazer a incorporação do calcário com aração e gradagens até a profundidade que for recomendada. Se a área estiver infestada por plantas invasoras, principalmente por gramíneas (Braquiária, Gramão), fazer aração invertida, a qual consiste em gradear primeiro o solo até final de setembro e ficar preparado para arar 30 dias depois. O arado de aivecas seria mais recomendado que o de discos para este fim. Se o solo possuir textura mais leve e a área não estiver muito infestada pelas invasoras, pode usar apenas a grade pesada para incorporar o calcário.
Este método é adequado para terrenos planos a levemente ondulados e sem presença de tocos e pedras.
Em método de Plantio do tipo Direto:
Esperar até haver massa vegetal suficiente para formar a palha. Se a área é uma pastagem e o relvado estiver alto (mais de 20 cm para Braquiária e 40 cm para Panicum), colocar animais para rebaixá-lo e esperar a rebrota que será dessecada para formar a palha. No caso de plantio em áreas sem palha, isolar a área para que ocorra uma nova brotação que será dessecada para formar a palha. Método este recomendado para solos rasos e com presença de pedras/cascalhos.
Plantio direto
Em método de Plantio Aéreo:
O preparo da área consistirá apenas em derrubar a vegetação natural, queima-la e fazer o plantio sobre as cinzas. Este método também pode ser feito em áreas de lavoura após a colheita e neste caso também não há o preparo do solo.
Método recomendável para Áreas de Matas Secundárias, com Biomassa suficiente para agregar cinzas no solo após o fogo.
2- Período do Preparo do Solo:
Esse deve iniciar entre 60 até 30 dias antes do período programado para plantio. Por exemplo, se o plantio for feito em Novembro, o preparo de solo deve ser iniciado em meados de setembro até outubro. Em certas ocasiões, quando o plantio é programado para grandes áreas podemos iniciar o preparo de solo até 90 dias antes do plantio.
Plantios antecipados (na poeira) ou tardios em relação àqueles períodos, são arriscados e mesmo ficando bem estabelecido, a produção de forragem é menor por ocasião do primeiro pastejo e este tem que ser feito tardiamente (mais de 90 a 120 dias após o plantio comparado com 40 a 60 dias). Por esta ocasião, as maquinas deverão estar revisadas; a equipe que fará o plantio deverá estar preparada e os insumos armazenados (fertilizantes, sementes, inseticidas e fungicidas para o tratamento das sementes).
3- Cuidados para evitar infestações de plantas Invasoras:
No caso de preparo convencional, a Aração é uma operação decisiva para o controle de invasoras, mas a melhor maneira de evitar a competição da pastagem com plantas invasoras é seguir todos os procedimentos recomendados pela pesquisa e pelos técnicos e um dos principais é a correção da fertilidade do solo para nutrir bem a planta forrageira que assim terá maior capacidade de competir com as invasoras. O produtor que não investir no Preparo e na Correção da fertilidade do solo deverá estar preparado para gastar com herbicidas (controle químico) e/ou com roçadas (controle mecânico) que nem sempre são eficazes.
4- Terraços
Terrenos com declive de até 3% não é preciso fazer terraceamento. Basta fazer o preparo do solo e o plantio em nível. Esta medida trará economia na operação de terraçeamento e depois com lascas de cerca.
Quanto for preciso fazer o terraceamento, recomenda-se semear a pastagem primeiramente sobre os terraços, utilizando 20% a 40% a mais de sementes e passando o rolo compactador. Após o término do plantio sobre os terraços, plantar a pastagem entre os mesmos. Conseguimos formar bem a pastagem sobre os terraços, evitamos a presença de invasoras e damos maior proteção ao terraço, e quando do início de pastejo, os animais não preferirem a pastagem sobre as curvas, pois elas teriam passado do ponto ideal de pastejo, e sim dando preferência para a pastagem entre os terraços, que estará mais nova e mais palatável. Os terraços devem ter suas bases largas suficiente para o trator deslocar sobre ele.
Terraço de base larga (está adequado), mas deveria ter sido formado primeiro. No detalhe, lasca a mais sobre o terraço a qual poderá ser economizada em terrenos planos.
SEMENTES DE PASTAGENS
1) Compra de sementes ou mudas:
A compra destes insumos deve ser realizada o mais cedo possível, pois assim se efetuará compras com preço mais baixo e maiores prazos para o pagamento.
2) Valor cultural de semente:
O parâmetro para a escolha das sementes mais utilizado no mercado é o valor cultural ou VC. Este VC é determinado pelos atributos físicos (pureza) e fisiológico (germinação) ao mesmo tempo, “o VC é o percentual de sementes da espécie ou cultivar desejada, contido no lote de sementes, com possibilidades de germinação e de estabelecer plantas normais em condições de campo”. Assim, numa determinada partilha de sementes, com VC de 24%, significa que em 10 kg , apenas 2,4 kg são de sementes puras e germináveis. Os restantes 76% (7,6 kg ) representam materiais inertes, sementes de outras espécies e outros cultivares, de plantas invasoras e de sementes não viáveis. A legislação brasileira só permite a comercialização de sementes com VC acima de 50% para Panicum maximum (colonião, tanzânia, mombaça), e 45% para as demais espécies. A validade das sementes vence em 10 meses após a análise do VC.
3) Cálculo da taxa de semeadura ou densidade de mudas.
As recomendações feitas atualmente são, em geral, baseadas em observações práticas, levando-se em conta o tamanho da semente (número de sementes/grama), a época e o método de plantio. A Tabela 1 apresenta dados da quantidade de sementes por grama e a taxa de semeadura das principais gramíneas forrageiras.
TABELA 1 - Número de sementes por grama e recomendação para o plantio em kg/ha de sementes puras viáveis para alguns capins tropicais.
Forrageira | Sementes/grama | Taxa de semeadura |
| | (kg/ha SPV) |
Andropogon | 360 | 2,5 |
Braquiarão | 150 | 2,8 |
B. decumbens B. humidicola | 200 270 | 1,8 2,5 |
B. ruziziensis | 230 | 2,0 |
Tanzânia - 1 | 960 | 1,6 |
Tobiatã | 680 | 2,5 |
Colonião | 780 | 1,6 |
Setária | 1490 | 1,2 |
Fonte: Vieira e Kichel (1995), modificado.
O ideal é conseguir uma densidade de plantas/ m2 da seguinte forma: forrageiras com sementes maiores como as do gênero Brachiaria sp e para o Paspalum guenoarum (capim ramirez), o estande obtido deve ser de 15 a 20 plântulas/m2. Forrageiras com sementes menores como andropogon, colonião, tobiatã, tanzânia, mombaça, setária, mais sensíveis às adversidades climáticas e ao preparo do solo, o estande obtido deve ser de 40 a 50 plântulas/m2. Um estande superior a 15 plântulas/m2 (150.000 plantas/ha) já é o suficiente para a formação da pastagem.
Assim, para o plantio de tanzânia-1, procurando obter um estande de 400.000 plantas/ha (40 plântulas/m2) teremos o seguinte cálculo:
960.000 sementes/kg x 25% VC (hipotético) = 240.000 sementes puras viáveis/kg. Então, para um estande de 400.000 plantas/ha, precisaremos de 1,7 kg , de sementes comerciais/ha. O VC não representa, com exatidão, o comportamento das sementes no campo porque é baseado na germinação em laboratório, sob condições ambientais controladas, apenas 40% germinarão a campo (Tabela 2).
TABELA 2 - Qualidade comparativa de sementes maduras e imaturas de Panicum maximum cv. Gatton. Os valores representam médias de muitos testes.
Parâmetro | Semente madura | Semente imatura |
Germinação no laboratório (%) Emergência a campo (%) Viabilidade após armazenamento (%) 2 meses 18 meses 26 meses Viabilidade estimada | 69,3 ± 25,5 34,4 ± 5,2 96,7 88,9 ± 8,9 83,2 ± 13 4,3 | 13,2 3,8 ± 1,6 49,0 ± 17,5 16,2 ± 12,1 8,6 0,1 |
Desta forma, teremos que aumentar em duas vezes e meia a quantidade de sementes aplicadas. Ficando então, 1,7 kg x 2,5 = 4,2 kg sementes/ha. Nas situações em que o plantio é feito a lanço, com avião ou com distribuidor de corretivos e adubos, ou em áreas potencialmente infestadas com plantas invasoras, devemos aumentar a taxa de semeadura em mais de quatro vezes. No plantio de forrageiras de estabelecimento lento como o andropogon e a B. humidicola, também devemos aumentar a taxa de semeadura em pelo menos 50%. Assim de 4,2 kg de sementes/ha, aplicaríamos 6,4 kg/ha. O produtor poderá seguir as sugestões abaixo para o plantio de pastagens com sucesso.
a) Plantio em condições ideais: Estas condições são as seguintes: plantio em época normal; solo corrigido e bem preparado; com adubação de plantio; equipamentos bem regulados; uso de rolo compactador de sementes após o plantio; plantio solteiro.
kg sementes/ha = SPV x 100 x 2
VC
Onde SPV é obtido de tabelas, tais como a Tabela 1.
b) Plantio em condições médias: Plantio a lanço na superfície do terreno sem compactação; plantio com solo semi-preparado; plantio consorciado com culturas anuais; época de plantio com incidência de veranicos;
kg sementes/ha = SPV x 100 x 3
VC
c) Plantio em condições adversas: Plantio de avião; plantio tardio; plantio em terreno inclinado; plantio em terreno mal preparado; plantio em terrenos muito úmidos; plantio manual na superfície do solo; plantio em terreno seco e sem previsão de chuvas; equipamentos mal regulados; plantio sobre cinzas de queimadas.
kg sementes/ha = SPV x 100 x 4
VC
4) Tratamento de sementes ou mudas:
Este procedimento é ainda pouco adotado no tratamento de semente de forrageiras, apesar de a sua importância ser igual à de sementes de culturas agrícolas. O tratamento é feito com o uso de inseticidas e fungicidas.
PLANTIO COBERTURA E PRIMEIRO PASTEJO
1) Condições ambientais para o plantio:
O técnico e o produtor deverão estar atentos à previsão de chuvas regulares, para realizar o plantio quando houver condições adequadas de umidade do solo.
2) Métodos de semeadura:
Convencional mecanizado, ou manual, ou tração animal; aéreo; plantio direto; com cultura acompanhante;
3) Adubação de plantio:
Quando utilizamos sementes puras ás quantidades aplicadas são muito pequenas e é comum o pessoal misturar material inerte (areia, pó de serra, estercos, terra seca, adubos) para facilitar a regulagem e a distribuição das sementes.
Como mais de 92 % dos solos dos cerrados é pobre em fósforo, o produtor deve estar consciente da importância da aplicação deste nutriente por ocasião do plantio. Os adubos fosfatados podem ser misturados com as sementes, pois, possuem um baixo índice de salinidade, não causando danos às sementes, principalmente os superfosfatos simples e triplo, desde que as sementes não fiquem misturadas com o adubo por mais de 24 horas antes do plantio e o ideal é que fique localizado próximo das sementes, o que permitirá a absorção deste nutriente pelas pequenas raízes da planta jovem e ainda diminuir a fixação do fósforo pelo solo devido ao menor contato o que implica em plantio em linha, ou em sulco ou na cova.
As fontes mais eficientes têm sido os fosfatos solúveis, como os superfosfatos simples e triplo, o fosfato monoamônio (MAP) e o fosfato diamônio (DAP); os fosfatos com alta solubilidade em ácido cítrico, como o termofosfato e os fosfatos naturais de alta reatividade, como o de ARAD (Israel), o de GAFSA (Tunísia) e o ATIFÓS (Carolina do Norte), têm demonstrado, a longo prazo, eficiência similar aos fosfatos solúveis em água; os fosfatos naturais brasileiros têm baixa eficiência inicial (3 a 20 %), e depois melhoram a longo prazo, passando para 15 a 45 %.
A compactação do solo antes ou após a semeadura tem maior importância quanto mais superficial for o plantio e quando a profundidade de semeadura for irregular. A compactação do solo como uma das formas de evitar o assoreamento de sementes ou enterro demasiado devido à erosão.
Em condições de chuvas bem distribuídas, por tempo suficiente, no geral, tanto a germinação das sementes quanto a fixação da plântula ao solo ocorrem eficientemente, independentemente da profundidade de plantio ou do contato da semente com o solo. Mas, quando faltam chuvas regulares, o estabelecimento da pastagem é melhor onde foi feita a compactação do solo. A compactação das sementes das espécies forrageiras Panicum maximum, a setária, o andropogon, é indispensável para o sucesso na implantação da pastagem. A compactação do terreno antes da semeadura da pastagem com rolo compactador para que a profundidade de enterro das sementes seja a mais precisa e uniforme (FIG. 1). O peso da compactação das sementes deve ser no mínimo, 1,5 kg/cm de largura.
FIGURA 1 - Modelos de compactadores de sementes e de solo de pneus e de metal.
5) Adubação de cobertura:
Nos vários trabalhos revistos a recomendação da época da cobertura está por volta dos 21 a 30 dias pós-plantio com a aplicação de 40 a 60 Kg de N e K2O /ha. No entanto a recomendação deve ser baseada com a analise do solo em mãos e com objetivo de obter determinada produção de forragem para a lotação animal desejada na área plantada.
Toda a infra-estrutura da pastagem já deve estar pronta por volta de 30 dias após o inicio da germinação (35 a 45 dias após o plantio) para que o primeiro pastejo seja feito, este dever ser feito colocando uma alta pressão de pastejo por curto espaço de tempo para diminuir a competição entre plantas, eliminar meristemas apicais e estimular o perfilhamento para cobrir rapidamente o solo. O parâmetro a campo para a tomada de decisão sobre o momento do primeiro pastejo deve ser o da cobertura do solo pela forrageira, quando o solo estiver 75% a 80% coberto pela forrageira. Quando isso ocorrer, colocar os animais na área se não começa a haver perdas de forragem.
Os animais deverão pastejar em torno de 30 a 40% da altura do relvado e serem mudados para outro piquete, deixando o piquete pastejado. Após o segundo ciclo de pastejo iniciar o uso normal da pastagem de acordo com a espécie forrageira, a época do ano e o nível de intensificação do pastejo.
Quando o pecuarista espera que a pastagem floresça, a planta forrageira forma touceiras esparsas que mantêm o solo parcialmente descoberto entre elas, e, quando os animais entram na pastagem ocorre o acamamento da forragem. Nesta condição ocorrem perdas de mais de 70% da forragem produzida.
Seguir todas as etapas de um programa técnico de plantio da pastagem tem custo alto, mas o resultado econômico é fantástico, pois tem se conseguido uma produtividade de 15 a 20 @/ha já no primeiro ano de uso da pastagem, sendo que o custo fica por volta de 8 a 10@/ha, possibilitando o pagamento do estabelecimento da pastagem já no primeiro ano do seu uso.
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